sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

Filinto Elísio (Lisboa, 1734-1819)

Nasci - Logo a meus pais custou dinheiro

Nasci - logo a meus pais custou dinheiro
o baptismo, que Deus nos dá de graça.
Tive uso da razão - perdi a graça - 
dei-me ao rol - chegou a Páscoa - dei dinheiro.

Quis casar com uma moça - mais dinheiro.
Brinquei com ela - não brinquei de graça:
que aos nove meses me custou a graça
para o Mergulhador capa e dinheiro.

Morreu minha mulher - não lhe achei graça
e menos graça no arbitral dinheiro
da oferta; que o prior não vai de graça.

Se o ser cristão requer sempre dinheiro,
como cumprem com dar graças de graça
os que as graças nos vendem por dinheiro?    
 

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